As apostas online, conhecidas
como "bets", se transforaram em um caso de saúde pública. Essa
epidemia – e a urgência de frear o comportamento – tem sido alertada pela
Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis e agremiações de empresários do
comércio em todo o país e ainda pela Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas. “O governo precisa tratar o assunto como uma emergência em saúde
pública”, alerta o presidente da CDL Petrópolis, Cláudio Mohammad. Dados
revelados pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mostram o
tamanho do risco para os brasileiros: as transações via Pix para plataformas de
apostas aumentaram mais de 200% desde janeiro, o que gera sérias preocupações
sobre o comprometimento financeiro e o aumento da inadimplência, especialmente
entre a população de baixa renda, incluindo beneficiários do programa Bolsa
Família.
A Confederação Nacional dos
Dirigentes Lojistas levantou um movimento de R$ 6 bilhões por mês com jogos e
apostas online. São 40 milhões de consumidores fazendo apostas ao longo do
ano. Essa situação, além de prejudicar as finanças das famílias, tem
impactos diretos no comércio e outros setores da economia. Na outra ponta, a
inadimplência, em agosto, considerando cartões de crédito e contas
de serviços básicos, como água e luz, atingiu 67,73 milhões de consumidores, de
acordo com pesquisa da CNDL/SPC Brasil.
De acordo com o Banco Central,
no mês passado o valor médio das apostas variou entre R$ 100 R$ 3
mil. E o mais grave é que pelo menos cinco milhões de brasileiros de lares
beneficiários do programa Bolsa Família somaram apostas de R$ 3 bilhões às
bets. O número significa 17% dos cadastrados. E deste percentual, mais da
metade apostou mais de R$ 100 , enquanto o benefício médio recebido mês passado
foi R$ 681, que é quase 15% dos recursos recebidos com o programa social.
Tramita no Congresso projeto de lei que proíbe uso do pagamento de
benefícios sociais em apostas virtuais, mas as entidades comerciais querem
medidas mais contundentes.
“É devastador a perda do
controle financeiro para o comércio local, com as pessoas comprometendo grande
parte de sua renda em apostas e deixando de consumir produtos essenciais, assim
como para a qualidade de vida dos núcleos familiares”, alerta Claudio Mohammad,
presidente da CDL de Petrópolis.
O problema é amplificado
quando se observa a redução do consumo em diversos setores, desde alimentação
até vestuário e calçados. A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
também destacou, em estudo recente, que o valor gasto pelos brasileiros com
apostas online chegou a R$ 68 bilhões, com mais de 1,3 milhão de inadimplentes.
Esse cenário compromete o comércio como um todo, já que uma população
endividada consome menos, gerando uma retração econômica significativa.
“Além de impactar diretamente
o comércio de bens de consumo, há um efeito dominó que afeta toda a economia
local. A queda nas vendas gera uma reação em cadeia: as lojas contratam menos,
o desemprego aumenta e a roda da economia desacelera”, explica Mohammad.
Segundo ele, é crucial que medidas sejam tomadas para conter o avanço desse
problema, incluindo uma regulamentação mais rígida das apostas e uma política
de educação financeira voltada para a conscientização da população.
A CDL de
Petrópolis faz coro com outras agremiações empresariais de todo o
país que pressionam por uma regulamentação que proteja os consumidores mais
vulneráveis. “Precisamos de ações concretas que ajudem a controlar essa
situação antes que o problema atinja proporções ainda mais graves. A
inadimplência não afeta apenas o comerciante, mas toda a sociedade. Quando uma
pessoa não consegue pagar suas contas, toda a cadeia econômica é afetada”,
conclui o presidente da CDL.
O alerta da entidade vai além
das questões econômicas, pois o vício em apostas também gera problemas sociais
graves, como a deterioração da qualidade de vida e conflitos familiares. É
necessário um esforço conjunto entre o governo, as entidades de classe e a
sociedade para conter o avanço desse fenômeno e mitigar seus impactos negativos
na economia local e nacional”, afirma Cláudio Mohammad.
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