O Fórum Itaboraí: Política,
Ciência e Cultura na Saúde/Fiocruz Petrópolis está avançando com o projeto
Multicêntrico, iniciativa que objetiva a aplicação de ferramentas de Tecnologia
Social para redução das desigualdades sociais como determinante das iniquidades
em saúde em territórios vulneráveis de cinco países da América Latina.
Na última semana,
representantes dos Institutos Nacional de Saúde Pública da Argentina, El
Salvador e México e da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO),
no Paraguai, estiveram em Petrópolis para a terceira etapa do projeto, que
consistiu na avaliação do uso das ferramentas como Diagnóstico Rápido
Participativo (DRP) e Cartografia Participativa (CP) nesses territórios.
Pesquisadores da Colômbia participaram de forma on-line.
A primeira etapa do projeto
ocorreu em Petrópolis em junho deste ano com capacitação desses profissionais
nas ferramentas de tecnologia social. Na ocasião, os profissionais tiveram
acesso a apresentação teórica sobre Determinação Social da Saúde, desigualdades
sociais e iniquidades em Saúde, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
e a Agenda 2030 e Atenção primária em Saúde e intersetorialidade. Também houve
aplicação prática das ferramentas no Alto Independência, um dos territórios
vulneráveis de Petrópolis.
A segunda etapa da iniciativa
contemplou a ida dos técnicos do Fórum Itaboraí aos países latino-americanos
para apoiar na aplicação das ferramentas nesses territórios. As regiões onde
foram feitos os trabalhos foram: Dock Sud, em Avellaneda, na Argentina;
Maurício Jose Troche, no Paraguai; Guasca, na região Cundinamarca, na Colômbia;
Panchimalquito, em El Salvador; e Atlacholoaya, em Morelos, no México.
Diretor do Fórum Itaboraí,
Felix Rosenberg destacou que a metodologia e o propósito do trabalho foram
incorporados muito rapidamente pelos profissionais dos territórios. “Foi feita
uma radiografia muito precisa da realidade territorial. É importante agora
buscar apoios intersetoriais para dar continuidade aos trabalhos. O DRP é um
processo permanente de escuta da população do território, é um processo
contínuo de uma metodologia transformadora”, destacou.
Assistente Social do Fórum
Itaboraí, Marina Rodrigues de Jesus foi uma das técnicas que acompanhou o
trabalho nas regiões de El Salvador e México. Ela ressaltou a importância da
apropriação da metodologia antes dos técnicos irem para o campo e que o DRP é uma
ferramenta contra-hegemônica, contra-colonizadora. “Tudo que é produzido no
território vai ao encontro da comunidade e o povo precisa fazer parte disso”,
afirmou.
Zaida Alvarez do Instituto de
Saúde Pública de El Salvador viu a aplicação das ferramentas como uma inovação
para abordar o trabalho comunitário. “Isso nos permite gerar competências e
fortalecer o trabalho de nossos agentes comunitários, que são os promotores de
saúde, que se dedicam ao trabalho na comunidade. Então, o que nós queremos é que
seja realizado um trabalho de acompanhamento, fortalecendo a escuta da
população, e por meio disso, identificar os determinantes sociais e poder
vencer as iniquidades em saúde”, disse.
Karol Cotes, do Instituto de
Saúde Pública da Colômbia, acrescentou que a experiência de aplicação do DRP e
da Cartografia em Guasca foi estimulante, reconfortante e esperançosa. “Gerou
aprendizagens mútuas, geração de vínculos e exercício de escuta livre”,
afirmou.
O projeto multicêntrico vai
continuar com a elaboração de um conjunto de indicadores que permita
sistematizar os resultados das experiências nestes territórios. Um dos
encaminhamentos a partir de agora será a construção de um Observatório on-line
para agrupar essas informações e ser fonte de pesquisa também para outras
regiões e países.
Sobre o projeto
O projeto multicêntrico surgiu
a partir de um consenso estabelecido em seminários e reuniões internacionais da
rede Latino-americana da Associação Internacional de Institutos Nacionais de
Saúde Pública (LatAm IANPHI), realizadas em 2022 e 2023, sobre a necessidade de
ação efetiva para reduzir desigualdades sociais e iniquidades em saúde.
O Centro de Controle de
Doenças dos Estados Unidos – USA-CDC, financiou a iniciativa através do
secretariado da IANPHI nos EEUU e o apoio logístico da fundação de apoio à
FIOCRUZ - FIOTEC.
Acompanhando as políticas de
promoção de saúde da Fiocruz e inspirado na Conferência Mundial sobre
Determinantes de Saúde de 2011 e nas declarações da IANPHI, o projeto
Multicêntrico tomou forma com base na experiência do Fórum Itaboraí: Política,
Ciência e Cultura na Saúde, da Fiocruz, que desenvolveu ferramentas de
Tecnologia Social para diagnosticar e intervir em territórios com alta
fragilidade social em Petrópolis.
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