Comidas, festas, trovões, entra e sai das casas e os temidos fogos de artifício ainda são os principais motivos de incidentes com animais no mês de dezembro. Para amenizar o problema, há várias atitudes que precisam ser tomadas pelos responsáveis por animais domésticos. Adaptando o animal aos poucos, no caso da virada de ano, que é quando geralmente acontecem os piores sufocos.

 

Para começar, é importante não ceder à tentação de oferecer comidas natalinas ao animal, já que os doces típicos podem causar insuficiência renal e as carnes tendem a provocar vômito e diarreia. Além disso, passas, chocolates, uvas, cebola, alho, são muito tóxicos ao organismo dos pequenos animais, podendo até mesmo levar a óbito. Para quem sente falta de oferecer iguarias ao bichinho, nestas comemorações, há produtos próprios como panetones e biscoitos temáticos  para cães, à venda em pet shops. Atenção especial também aos embrulhos e enfeites de presentes para não provocar acidentes graves, pois os peludos podem mastigar e engolir estes objetos.  

 

Além de fogos de artifício barulhentos, que também prejudicam pessoas com deficiência, crianças e idosos, há outros sons,  muito comuns neste período, amedrontadores aos animais: as trovoadas de verão. Segundo a médica veterinária Priscila Mesiano, da Clínica Amigo Bicho, em Petrópolis, os animais possuem capacidade auditiva muito superior à nossa. Por isso, sentem tanto incômodo com artefatos utilizados nas celebrações. “Cães, gatos e até silvestres sofrem com o problema, mas enquanto gatos ficam quietinhos, cachorros começam a tremer, ficam nervosos e procuram um lugar para se esconder”, avalia.

 

Estar presente junto aos animais domésticos e manter um som ambiente na virada do ano, é considerado o comportamento ideal para Priscila: “Além de evitar utilizar os artefatos e permanecer com os animais no interior da residência, é importante não confirmar o medo do peludo, digo, se o responsável percebe o sentimento no animal, não deve acariciá-lo neste momento”, ressalta a profissional, que orienta responsáveis a deixarem nome e telefone em plaquinhas de identificação ou até mesmo escrito a caneta nas coleiras de cães e gatos, pois a agitação causada pelos fogos, somada ao entra e sai das visitas, costuma ser grande motivo de fugas. Também é fundamental não deixá-los acorrentados, pois podem se enforcar, provocando a morte do animal.

 

Outra técnica que pode ser utilizada é a de dessensibilização sonora sistemática. Consiste em trabalhar com um aplicativo de celular que simula estampidos de fogos e uma caixinha de som via Bluetooth. Aos poucos e gradativamente, coloca-se o barulho perto dos cães do nível um ao nível 10, sendo a cada dois dias um nível, variando também os tipos de fogos. Ao fazer o exercício, observar se o animal está se acostumando ou não e aí vai se limitar ou não o volume do aplicativo. A dica é importante para dessensibilizar o animal diante destes sons. Além disso, é fácil e não há custos extras.

 

Infelizmente, existem casos que o sofrimento do animal é tão extremo que eles podem vir a óbito, não só por ferimento, brigas e enforcamento, como também por parada cardíaca. Por isso, Priscila ressalta ainda a adoção de outros hábitos para proteger os animais. Evitar a aglomeração de muitos animais é importante, pois eles podem brigar pelo estresse e levar a graves consequências. Colocar o animal em cômodo seguro, com portas e janelas fechadas. Se possível colocar rádio ou TV ligada em programação calma. Existem também playlists no Spotify e canais no Youtube com horas de músicas dedicadas apenas a relaxar cães e gatos. Deixar o ambiente em meia luz. Dar alimentação leve, para evitar distúrbios estomacais. Colocar cobertores ou edredons nas portas e janelas para abafar o som dos fogos. Se o animal permitir, colocar algodão nos ouvidos. No caso de aves, cobrir as gaiolas. Para gatos, procurar promover esconderijos seguros, como caixas de papelão, guarda-roupas, entre outros.

 

Para amenizar o estresse, encontra-se em pet shop, difusores de odores sintéticos e rações com funções relaxantes. Além disso, também é possível ministrar florais para medo, ansiolíticos ou fitoterápicos. “Ainda há tempo de proteger o animal ao realizar um tratamento, começando dias antes do evento, por meio de uma avaliação clínica para indicar o melhor medicamento”, alerta Priscila, acrescentando ser válido procurar um especialista em comportamento animal, como adestradores, caso a ansiedade ou o medo sejam crônicos. A médica veterinária complementa: “Quando o animal tem muita fobia e fica muito ansioso, a gente receita medicação contínua para evitar acidentes”, esclarece.

 

No caso de pessoas que precisam estar ausentes, o recomendado é separar os animais com temperamento dominante, desde que não seja em ambientes com portas de vidro e objetos cortantes à disposição, como a cozinha, por exemplo, já que o animal acuado e agitado pode se debater contra a porta ou fazer algo cair, provocando ferimentos. Se a pessoa for viajar com o animal, é preciso atentar para o Código de Trânsito Brasileiro que obriga o uso de cadeirinhas, cintos de segurança e caixa de transporte para os animais.

 

A hipertermia - excesso de calor - também é preocupante e deve ser evitada, não deixando o animal trancado no veículo ou em local com pouca ventilação. Em caso de viagens para a região dos lagos, os animais devem se prevenir contra o verme do coração, transmitido pelo mosquito palha, muito comum em localidades litorâneas, podendo utilizar medicamento específico  uma vez ao ano ou outras formas de prevenção, ficando a critério do médico veterinário a melhor alternativa para cada situação.

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