O controle do Aedes aegypti,
mosquito transmissor da dengue, chikungunya, Zika e febre amarela urbana, exige
vigilância constante e ações práticas no dia a dia. A bióloga e pesquisadora da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Denise Valle, alerta sobre a importância de
não subestimar a presença de criadouros em casa.
"Ao contrário de outros
mosquitos, a fêmea de Aedes aegypti espalha os ovos por muitos lugares, em
geral próximos uns dos outros. Por isso, encontrar larvas em um ponto da
residência é um indicativo de que outros focos podem existir. Por isso, a busca
deve ser contínua e cuidadosa. Não basta eliminar um criadouro; é fundamental
verificar toda a área regularmente," explica Denise.
Vale destacar que a cada cinco
criadouros de Aedes, quatro estão localizados em ambientes domésticos.
Focos escondidos: um perigo silencioso
Muitas pessoas associam os
criadouros do mosquito a locais com água visível e acessível, como pratos de
plantas ou baldes no quintal. Contudo, há focos “escondidos” que frequentemente
passam despercebidos.
Segundo a pesquisadora,
"os criadouros suspensos, como calhas, bandejas de ar-condicionado, lajes
empoçadas e caixas d’água, são locais ideais para a reprodução do mosquito e
precisam ser inspecionados com atenção".
A recomendação é que essa
inspeção seja feita, pelo menos, uma vez por semana. O ciclo de transformação
do ovo em mosquito adulto ocorre em cerca de 7 a 10 dias, o que torna a
periodicidade fundamental para interromper a proliferação. Quando a temperatura
está elevada, este ciclo pode ser ainda mais veloz.
Descarte correto de larvas e pupas
Ao encontrar larvas e pupas, é
importante eliminá-las de forma eficaz. Jogá-las em ralos pias ou privadas
não resolve o problema, pois esses locais levam as larvas para outros locais
com água, ou seja, podem servir como novos criadouros.
A maneira mais eficiente de
descartá-las é em superfícies secas, como terra, gramado, cimento ou asfalto.
"As larvas e pupas não sobrevivem em ambientes secos, o que garante sua
eliminação completa," orienta Denise.
Cuidado com os ovos do mosquito
Os ovos de Aedes aegypti
possuem uma característica especial: podem resistir até um ano em ambientes
secos e eclodir ao entrar em contato com água. Por isso é especialmente
importante tomar cuidado com as chuvas: ovos que estavam guardados há muito
tempo podem ter contato com a água nos criadouros e dar origem a larvas em
muito pouco tempo.
Para eliminar esses ovos, é
recomendado esfregar a superfície onde eles estão fixados, utilizando a parte
abrasiva de uma esponja. Essa ação ajuda a esmagar os ovos e impede que eles se
transformem em mosquitos.
Um compromisso de todos
O controle do mosquito requer
a participação da população. Inspecionar, eliminar focos e descartar
corretamente larvas, pupas e ovos são atitudes que, além de simples, salvam
vidas. É mais fácil eliminar larvas, pupas e ovos, que estão confinados, do que
mosquitos adultos, que voam.
Além disso, só mosquitos
adultos podem transmitir o vírus. Então, quando olhamos e eliminamos os
criadouros uma vez por semana, estamos colaborando para evitar a formação de
adultos e, portanto, a transmissão dos vírus.
"A vigilância ativa é a
principal ferramenta para controlar o mosquito e evitar a transmissão de
doenças. Cada pequeno gesto faz a diferença," finaliza Denise Valle.
7 ações importantes no dia a dia:
- Realize inspeções semanais nos criadouros, incluindo locais elevados e pouco acessíveis;
- Elimine larvas e pupas em superfícies secas;
- Esfregue as paredes de recipientes com água acumulada para eliminar ovos resistentes;
- Mantenha caixas d’água, tonéis e outros reservatórios bem vedados e limpos: certifique-se de que estão devidamente tapados para impedir a entrada do mosquito;
- Coloque areia nos pratos de vasos de planta: a areia absorve a água, evitando que se torne um criadouro;
- Amarre bem os sacos de lixo: lixos mal fechados podem acumular água e atrair o mosquito;
- Não acumule sucata e entulho: materiais descartados podem reter água e servir de foco para o mosquito.
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