O impacto da saúde mental vai muito além do emocional, influenciando diretamente diversas condições físicas. Essa relação complexa entre mente e corpo ganha cada vez mais atenção no campo médico, especialmente em abordagens multidisciplinares de tratamento. O Dr. Jaime Guimarães, médico atuante em psiquiatria no Hospital Santa Teresa, destaca que "os transtornos emocionais, como ansiedade e depressão, podem não apenas agravar doenças já existentes, mas também contribuir para o surgimento de condições físicas, como dores crônicas e hipertensão arterial."


Dores crônicas, por exemplo, são frequentemente associadas a sintomas de ansiedade e depressão. Além de potencializar o desconforto, esses transtornos dificultam o tratamento da dor. "Em muitos casos, a combinação de psicoterapia e medicamentos específicos, como antidepressivos que agem na serotonina e noradrenalina, tem demonstrado resultados positivos, tratando tanto a dor quanto os aspectos emocionais envolvidos", explica Dr. Jaime.


O estresse crônico, outro fator amplamente relacionado à saúde mental, é reconhecido como um dos agentes que agravam a hipertensão arterial. "A exposição contínua a hormônios do estresse, como a adrenalina, pode aumentar a rigidez vascular e elevar a pressão arterial, criando um elo significativo entre saúde mental e hipertensão", complementa o especialista.


No caso de doenças autoimunes, como o lúpus, a comorbidade com transtornos emocionais também é significativa. Estudos indicam que 24% dos pacientes com lúpus apresentam depressão, enquanto 37% convivem com ansiedade. "Abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) são eficazes para melhorar a qualidade de vida desses pacientes, especialmente quando integradas a outros tratamentos, como fisioterapia ou atividades relaxantes, a exemplo do yoga", acrescenta.


Problemas gastrointestinais, como refluxo gástrico e globus esofágico (sensação de nó na garganta), também podem ter forte ligação com condições psicológicas. "Embora nem sempre sejam causados por transtornos emocionais, é comum que pacientes com níveis elevados de ansiedade relatem sintomas mais intensos, mesmo em estágios leves da doença", observa Dr. Jaime.


Outro ponto de destaque é a cefaleia tensional, o tipo mais comum de dor de cabeça crônica, frequentemente associada ao estresse. "A psicoterapia é uma ferramenta essencial para tratar a cefaleia tensional, ajudando os pacientes a lidar com os gatilhos comportamentais que agravam essa condição", esclarece o médico.


Por fim, o Dr. Jaime reforça que a integração entre saúde mental e física é indispensável para o bem-estar do paciente. "Promover um cuidado multidisciplinar, que considere o impacto emocional e físico das doenças, é essencial para melhorar a qualidade de vida e os resultados terapêuticos."


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