O Veganuary, movimento global que incentiva as pessoas a adotarem uma dieta vegana durante o mês de janeiro, tem ganhado cada vez mais adeptos no Brasil. A iniciativa, que surgiu no Reino Unido em 2014, visa promover a reflexão sobre os impactos das escolhas alimentares na saúde, no meio ambiente e no bem-estar animal. No país, onde o consumo de carne ainda é culturalmente forte, o debate ganha nuances importantes, especialmente com o apoio de especialistas em nutrição e sustentabilidade.
A professora Natália Oliveira, docente do curso de Nutrição do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto (UNIFASE) e Pesquisadora do Observatório de Epidemiologia Nutricional da UFRJ, destaca que o Veganuary não é apenas uma mudança temporária na dieta, mas uma oportunidade para repensar hábitos e seus impactos. “Adotar uma alimentação vegana, mesmo que por um mês, pode trazer benefícios significativos para a saúde, como a redução do risco de doenças cardiovasculares e a melhoria da digestão. Além disso, é uma chance de experimentar novos sabores e descobrir que uma dieta à base de plantas pode ser saborosa e nutritiva”, afirma.
Além dos benefícios individuais, a professora ressalta o impacto coletivo dessa escolha. “A pecuária é uma das atividades que mais contribuem para a emissão de gases de efeito estufa e o desmatamento. Ao optar por uma dieta vegana, mesmo que temporariamente, as pessoas estão contribuindo para a redução desses impactos ambientais”, explica a nutricionista, que complementa: “É importante lembrar que pequenas mudanças no dia a dia podem gerar grandes transformações quando adotadas por muitas pessoas”.
Supermercados, restaurantes e até redes fast food têm ampliado suas opções à base de plantas. Isso reflete uma mudança no comportamento do consumidor, que está sendo percebido pelas indústrias. "É preciso cuidado, pois o mercado de produtos veganos tem crescido muito, e muitos desses produtos são ultraprocessados, ou seja, cheios de aditivos como corantes, aromatizantes e emulsificantes, altos em sódio e carboidratos. Então, a preferência deve ser por alternativas naturais. Em resumo, é preciso estar sempre atento à diversificação no consumo de frutas e hortaliças, cereais e leguminosas, para atingir as recomendações de proteínas e nutrientes, evitando os alimentos ultraprocessados", observa a professora.
O Veganuary, portanto, vai além de uma simples tendência. É um convite à reflexão e à ação, tanto para a saúde individual quanto para o futuro do planeta. Como conclui a professora Natália Oliveira: “Cada garfada é uma escolha. E escolhas conscientes podem transformar o mundo”.
No entanto, a nutricionista faz um alerta: “É fundamental que as pessoas busquem orientação profissional ao adotar uma dieta vegana, especialmente se for por um período mais longo. Uma alimentação equilibrada, com todos os nutrientes necessários, é essencial para evitar deficiências nutricionais”.
Com o crescimento do movimento no Brasil, o Veganuary se consolida como uma oportunidade para experimentar novos hábitos e, quem sabe, inspirar mudanças permanentes. Afinal, como diz a professora, “janeiro pode ser o início de uma jornada mais saudável e sustentável para todos”, finaliza a nutricionista.
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