Quem convive com criança já
sabe, a hora da refeição pode ser um momento muito desafiador. Recusas
frequentes, birras à mesa e a preferência por um cardápio restrito são
comportamentos comuns, especialmente na primeira infância. Esse fenômeno, que
pode ser encarado como uma fase normal do desenvolvimento, em alguns casos
torna-se persistente e se caracteriza como seletividade alimentar, como explica
a nutricionista e Professora de Nutrição Materno Infantil do Ambulatório Escola
da UNIFASE/FMP, Juliana Gouvea Schaefer.
“Recusar alguns alimentos não
é sinal de seletividade alimentar, porém se torna uma preocupação quando esse
comportamento da criança é persistente, por mais de trinta dias e começa a
interferir significativamente na nutrição e nas interações sociais da criança,
muito evidenciado nas escolas e creches, onde a criança não aceita consumir as
refeições. Essa seletividade pode ser de grupos alimentares inteiros como
frutas, vegetais, proteínas de origem animal ou vegetal, ou de um número
significativo de alimentos que não aceita, seja pela textura, cor,
apresentação, e que são importantes para seu crescimento e desenvolvimento”.
A nutricionista falou sobre
alguns fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da seletividade
alimentar.
“A seletividade pode estar
relacionada a várias questões como alterações da parte sensorial do organismo
da criança, transtorno de alimentação ou alguma patologia”, alerta ela dizendo
que é muito comum crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA) apresentem também diagnóstico de seletividade alimentar. A prevalência de
problemas alimentares em crianças com TEA é 5 vezes maior do que nas
neurotípicas.
Ainda de acordo com a
nutricionista, crianças que não tiveram uma boa introdução alimentar, com
evolução de texturas e consistência tem grande chance de apresentar essa
condição entre os dois e quatros anos de idade. Se a seletividade alimentar
causar estresse para a criança ou para a família, e afetar negativamente as interações
sociais e a qualidade de vida da criança, é nessa hora que se deve procurar um
profissional da saúde para uma consulta.
“Identificar primeiro
qual a causa, é muito importante para poder saber como tratar”, ressalta
Juliana.
Pensando nessa realidade, e
como a seletividade alimentar pode afetar as interações sociais na escola, a
UNIFASE/FMP está com inscrições abertas para o curso de extensão “O
Impacto da Seletividade Alimentar na Vida Escolar”, que tem como objetivo
promover uma reflexão abrangente sobre os desafios enfrentados por crianças com
seletividade alimentar, com ou sem diagnóstico de TEA ou outras comorbidades,
no ambiente escolar. Destinado a profissionais de saúde, educação e estudantes
das áreas de Nutrição, Psicologia, Pedagogia, entre outras, o curso irá abordar
temas como inclusão na educação infantil, terapia alimentar, o papel da
família, legislação educacional e a importância da articulação entre escola,
família e profissionais de saúde. O curso será ministrado pelas nutricionistas Viviane
Bernardino e Juliana Gouvea Schaefer.
“A proposta é oferecer uma
formação dinâmica e abrangente, trazendo uma visão geral e prática sobre o
tema”, conclui Schaefer.
O curso será realizado no dia 12 de abril (sábado), das 9h às 13h, no campus Barão da UNIFASE/FMP. A programação completa e as inscrições estão disponíveis no site, até o dia 10 de abril. Acesse o link.
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